terça-feira, agosto 15, 2006

La guerre est finie!

Ermidas Sado é uma espécie de Cisjordânia sem os problemas de Copacabana. Aqui podemos andar na rua sem recear uma bala perdida ou o reflexo de uma acção colateral. É uma vila contemporânea que sempre se debateu entre os progressos "luminosos" do capitalismo burguês e o negro demónio do Antigo regime.
Nos limites da grande planície alentejana, na charneca do Sado e das minas douradas do Lousal nasceu uma povoação de ferroviários, operários, mineiros, comerciantes e artesões que lá se fixou desde que a linha do Sul foi inventada.
Lá se fixaram populações oriundas do distrito de Setúbal, Mértola e da serra Algarvia. A linha do comboio continua a separar a Etiópia ( hoje mais dinâmica e próspera) da Itália imperialista de Mussolini. As últimas grandes obras sociais datam do Estado Novo: O Cemitério, o largo do Chafariz, a Escola e a Igreja.
O que depois foi feito para além infraestruturas elementares na Etiópia, do túnel que subterrâneo que liga as duas margens e do oficial edifício da Junta de Freguesia, foram iniciativas de alguns ermidenses que continuam a dar o seu melhor à terra. O caso do Vitória recentemente remodelado e simpático local de encontro de todos, que para além do serviço de café, oferece também aos poucos adolescentes um espaço ideal para umas boas futeboladas e não só...
Mas é urgente que também as entidades oficiais façam o seu trabalho e ajudem a fortalecer a identidade desta terra tão esquecida e tão mal amada. Há muito que fazer em Ermidas. Reabilitar por exemplo o Cine -Teatro, hoje completamente abandonado e a necessitar de uma intervenção urgente antes de se transformar numa ruína em vez de oferecer parte do dinheiro das festas ao padre polaco da vila.
Muitos anos depois do 25 de Abril, do encerramento do serviço de passageiros para Sines, do fecho das minas, do fim da segunda guerra mundial, Ermidas inventou uma festa que celebra o reencontro das muitas gentes que tiveram que partir. Os amigos e os foragidos são bem vindos e a terra não pára durante cinco dias. Come-se, bebe-se e danca-se até cair de cansaço.
No outro dia recomeça. A vila vive e nem os mortos que sempre acontecem nesta terra mais que os nascidos, não estão autorizados a manifestar-se!
Felizmente em Ermidas este fim de semana a guerra de destruição inútil...também acabou!

terça-feira, agosto 01, 2006

A Casa dos Fantasmas



Sintra sempre foi sempre uma terra de mistérios. A caminho da estrada de Sintra escreveu o Sr. Engenheiro um dos seus mais conhecidos poemas. E hoje assim continua a ser...
Os carros sobem sem as mudanças artilhadas tal como entram em atalhos a uma velocidade espantosa. Cada vez mais longe de nós. Os rostos confundem-se e reaparecem momentos depois pelo caminho misterioso dos piratas...
Como se o tempo nos convidasse tal como Alice para o outro lado do espelho.
Na casa abandonada em frente havia uma luz no quarto assim ( Era o Tom disse-me a minha irmã... que adora a Ana Teresa Pereira) como dentro da piscina vazia proliferavam todo o tipo de melgas! E quem estaria no atelier lá do fundo cuja chave nunca apareceu..Era a Rebeca... de certeza! diz-me a Guida que adora filmes do Hitchcook.
Na casa dos fantasmas jantámos e rimos... com respeito q.b. mas sem medo. Deixámos o Sérgio e Ana com as formigas... Foi chato! Mas o Ultra-Romantismo dos convidados e o Neo-realismo de quem vai lavar a loiça suja nunca se deram muito bem!