quinta-feira, dezembro 13, 2007

O sonho comanda a vida

Rosa Luxemburgo inspirada também na leitura da Origem da Família ( Morgan) , desenvolveu a partir daí, uma concepção inovadora e ousada da civilização milenar da humanidade, na qual a civilização actual "com a sua propriedade privada, a sua dominação de classe, a sua dominação masculina, o seu estado e o seu casamento constrangedor", aparece como uma ideia romântico-revolucionária da ligação do passado e do futuro muito mais explícita do que encontramos em Marx e Engels.
Ora esta tradição utópica do marxismo tendeu a desaparecer nos inícios do século XX. E foi pena... porque essa idade de ouro do passado que ilumina o caminho para o futuro foi esquecida e arrumada nas prateleiras, esquecendo os méritos do Romantismo na sua crítica anti-capitalista afastando sob esta prespectiva a obra de escritores maiores como Balzac; Tolstoi ; Scott, etc...

Evidentemente, esta "afinidade electiva" não se desenvolve no vazio ou no azul espiritual, que todos os marinheiros encontram nos copos de "schapps" e arenques que encontram em cada porto. Ela desenvolve-se numa conjunctura política concreta onde esta afinidade é mais intensa e mais profunda, estou a falar dos dias de hoje, onde a utopia lbertária se manifesta de uma forma mais radical e mais explosiva face a um mundo em plena desagregação dos valores humanistas. Face a uma sociedade cada vez mais fechada onde os intelectuais, universitários, jornalistas, escritores, artistas ou investigadores isolados, professores no desemprego, são atirados para trabalhos marginais sem futuro nem achado.
Só que muitos ainda não se esqueçeram, e ainda bem, porque estamos vivos, dos versos do António Gedeão, "O sonho comanda a vida e quando um homem sonha ... o mundo pula e avança!".

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Blues

Cheguei ao porto de Amsterdam. Quatro dias de mar depois de deixar Lisboa agora já com as horas trocadas e as canções do Brel na cabeça. Sur le port d' Amsterdam.. sur le port d' Amsterdam.

Num café no porto... depois de muita cerveja e genebra até altas horas da madrugada. Na rua o céu estava negro sem estrelas e chovia muito sangue, suor e cerveja.... Lembro-me dela aparecer na sala, alta e esguia, de um negro azul, com o cheiro do café da Etiópia. Perguntou-me depois se eu gostava simplesmente de passar uns momentos acompanhado. Antes de o sol nascer vestiu a sua farda azul que combinava com a a sua cor azul e deixou-me sózinho com os meus demónios azuis. Sorte minha que os marinheiros só vêem a a vida em azul.


quarta-feira, dezembro 05, 2007

I've been tagged

Margarita Philbin tagged me to participate to a “Eight Random facts” memo. Despite I don’t like as well this type of chain posts, I couldn’t but agree. After all, she deserves it. Under the circunstancies premature judgment and invention options does not come naturally...
Not inventing is the normal "state of affairs", but I know she is a creative in SL. It's a game and a new challenge. Why not? Probablly this is relevant for the individual who would like to keep his friends happy.... But to be concrete and be understood in english its a major risk. Then in order to overcame this difficult task, I will write in portuguese speaking language.


1. Nasci ao contrário não me expliquem porquê. Foi assim... sou míope e um bocado desincronizado. Sou contra a corrente. Ich bin wie ich bin.

2. Nunca ninguém me conseguiu ver num espelho.

3. Não acredito no Grande Arquitecto do Universo nem num Deus único... acredito no Sol e na Lua.

4. Apesar disso acredito nas pessoas... Sou Hobbesiano e adoro chatear os discíplos de Rousseau... Gosto das pessoas como elas são!

5. Não acreditando em milagres nem na reencarnação... acredito no Amor ...."Infinito enquanto dura". Obviamente sou um apaixonado pelo Brasil, pelos boavidas dissonantes da bossa e do samba, pela praia, pelo afeto...

6. Sou um chato e um conservador nato. Um pequeno burguês de fachada socialista como diria o camarada Cunhal. Não acredito no fim da História, no socialismo real nem no neo-liberalismo. Não gosto do Sócrates. Não sou sócio do Benfica apesar de ser o meu clube de paixão. Odeio tudos os istas.

7. Não venho das Ciências exactas. Mas o António Gedeão, professor de Física, foi também meu professor na vida real. Aprendi com ele que as lágrimas de preta são apenas água e cloreto de sódio.

8. Sou o Fokas, braço direito do chefe da guarda pessoal do Basileus da Atlântida. Carneiro por destino e adorador das Deusas com quem tenho a felicidade de conviver. Tenho o maior respeito pelas princesas e gosto da vida, de judeus alemães, de amores, and so on.

Here are the rules(1) Each player starts with eight random facts/habits about themselves.(2) People who are tagged need to write a post on their own blog (about their eight things) and post these rules.(3) At the end of your blog, you need to choose eight people to get tagged and list their names.(4) Don’t forget to leave them a comment telling them they’re tagged, and to read your blog.

Vou taggar não sei quem... o meu filho Pedro, o Filipe ou a Céu...talvez o Nuno, a Isabel, a Margarida ou a Miucha...sei lá..

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segunda-feira, dezembro 03, 2007

Antes e depois do metaverso

Esta solidão começa a ser insuportável. Porque razão prescindi de ti, Klaus?
Arrependo-me tanto.
( Livro de notas de capa amarela, propriedade de Anna Müller).

Talvez o Klaus tenha razão. Há dias que penso que teria feito melhor se tivesse ido com ele. Cada vez acredito menos na possibilidade de uma mudança aqui. Nem sequer vinda de dentro, a partir do aparelho de Estado. Ninguém acredita já em nada.
Acontece-me a mim como a tantas outras pessoas.
(Pobre Anna que ainda nem sonhava com a possibilidade da existência de um José Sócrates).

" Querida Tatiana! Não sei quando poderei fazer-te chegar de novo notícias. O "Fokas" já não pode passar sem ser apercebido e por isso teremos de arranjar um novo "carteiro". A cada dia que passa, sinto mais e mais a tua falta. Por favor vem...
Na tua última carta, julguei advinhar uma certa falta de coragem. Aqui, com a tua bagagem, terias excelentes oportunidades de trabalho.Porque razão teremos de estar separados?
Não achas que o preço é demasiado alto? (...)".
Ivan.

PS: Todas a s personagens são verdadeiras e reais, mas o texto e a ideia, são do Miguelanxo Prado.


domingo, dezembro 02, 2007

You're breaking my heart

Escrevi há um dias que as canções de amor estão de regresso.

E acredito mesmo que sim, depois de ter lido um artigo do Bernard- Henri Lévy sobre "Amor e Estado" publicado na Visão de há duas semanas. Acerca do divórcio do presidente Nicolas Sarkorzy. Aí se faz um retrato acutilante da contínua decomposição da esquerda francesa (que em vez de se preocupar com os problemas reais do povo real entrou num delírio de mau gosto). E acaba assim... "Não consigo deixar de encontrar algo de belo nesta mulher, que fez a sua escolha de tantos arranjos e transacções, que curiosamente decidiu saltar, sair do palco quando tanto outros e outras ainda sonham entrar nele... Não é Jackie O.. Não é Lady Di. É uma mulher esquiva, caprichosa e livre".

Voltei a pegar num outro livro já com cerca de 15 anos em que o mesmo autor com Francoise Giroud, desta vez debaixo da sombra amena de uma figueira (real) conversava sobre Os Homems e as Mulheres. Claro que uma boa parte das conversas estão datadas pelo aparecimento da Sida e portanto carregadas de algum pessimismo do "Zeitgeist" que se vivia na Europa, por uma geração crescida com a pílula e alguma liberdade sexual.
Mas a certa altura Françoise Giroud, mais velha e sensata do que o seu jovem amigo, diz o seguinte: "Alguns homens quase nos põem loucas. Conheci um ciumento patológico que era por outro lado, o homem mais espiritual do mundo. Quando entrava em transe de ciúmes, tornava-se estúpido e vulgar... Teve o descaramento de me dizer que desejaria fechar-me numa gaveta e só me tirar de lá para ele."

Concordo que a ausência total de indícios de ciúme é perturbadora e pode ser vista como o começo de um desamor, mas hoje, com tantas princesas no écran, esse sentimento rídiculo de "quem é que amaste antes de mim?" é uma verdadeira parvoíce.
Partir copos em salões de bailes caíu simplesmente e ainda bem no campo da literatura de horror.