terça-feira, março 28, 2006

A Ana na Quinta do Farol

Esta casa nova começa a afeiçoar-se a mim...
É difícil... a relação entre mim e ela.
Faço um castelo na areia do futuro. Devagar... como me ensinou o meu pai... o poema é construido devagar.... palavra a palavra, e mesmo verso a verso. ( Leio o Nuno Júdice e transporto os afectos da Teresa Rita Lopes)
Mas ali vive a minha familia... é um local de encontro onde se deve respeitar a oportunidade!Às vezes dá-me para dizer: Olá casa, olá Ana! Alguém têm o privilégio de ser tema de redacção de uma sobrinha? Sim! Porque a Ana tem um sorriso que é só dela e que desde há muitos anos partilhamos os dois! E este ano no Natal ofereceu-me um texto...sobre o tio!
Um dia, o Tio Zézé como todos os gigantes que ela imaginou ( O Pai, Avô, Tios...etc.), decidiu mudar de vida, de casa sem ela entender muito bem as razões. A Ana ficou naturalmente triste... Estava habituada aos gritos e risos dos vizinhos, à viola do pai, da “Tess” e dos gatos que sempre a acompanharam.
O tio Zézé era o mais velho dos tios e se fosse na Lunda tinha a vantagem de ser o irmão da mãe, coisa que ela só entendeu quando ouvia a mãe-irmã dizer alguma asneira ou simplesmente demonstrar alguma cumplicidade que ela não entendia... Havia assuntos tabus ( que todas as famílias têm!) e assuntos obviamente estúpidos como essa estória do Mano Caetano e dum morto, alguém que ele e as irmãs ajudavam a despachar aos pedaços para todo o mundo.... Eram estórias loucas que o tio Zézé contava...Viajava de tronco nu num barco de piratas e desembarcavam numa ilha com canibais ( anos mais tarde depois descobri, que a história nem sequer era original). Outras vezes iam de comboio até Paris onde se encontravam debaixo da Torre Eiffel para saber afinal se as malas com o tesouro tinham chegado ao seu destino e não havia mais problemas com o Zé. Acho que o bandido também se chamava Zé ou Manel mas não tenho a certeza... Aliás todos os homens com mais de 1.5m que eu conhecia se chamavam zés... Zé devia portanto ser outro homem... Nem todas as estórias tinham piada, muitas nem por isso. O tio Zézé tinha outro defeito... é que mesmo dizendo coisas com piada...nem sempre sabia parar, o que irritava profundamente os adultos e a mim também.
Acabo por descobrir no quintal das traseiras um pinheiro que nunca tinha visto antes...Começou a Primavera! Há coisas que vejo de que não gosto....e tento não olhar muito para elas.
Mas hoje só me deu para dizer : Olá Tio! sabias que eu já tenho um blog?
Parabéns!