quarta-feira, março 29, 2006

Olha que coisa mais linda....

O Bar do Veloso já não existe como tal, o Brasil do samba da beira mar também não. Mas a garota de Ipanema não deixa de lá passar... Isto vem a propósito de um livro exemplar que resulta de uma troca de ideias entre dois investigadores diplomados que acabei de receber. Dois investigadores. Tal como os da canção...Tom e Vinícius!
Portugal, Barrancos, por exemplo, também tem destas coisas...quantas vezes a discussão de um ponto crucial, de divergências ou convergências, do caminho a seguir se torna tão excitante e envolvente que só ao ver o sol raiar, se ouve a Isabel acabada de acordar, dizer que o sol nasce deste lado e que a noite em claro falando e planeando as viagens futuras, acabava com um café e ponto final!
O individualismo predomina nas hostes das academias e na vida real. Ousar por isso discutir duas visões carregadas de ideologia que marcavam a História do Brasil não é fácil. Duas posições de esquerda ainda por cima....é obra!
Em 1993, o "renegado" Paulo Francis, nessa altura um dos jornalistas mais bem pagos do Brasil antecipava uma dúvida, uma simplificação quanto a ele exagerada da teoria de um sistema colonial totalmente dependente da metrópole. A tese deles é radical! Demonstra pura e simplesmente que existia no Brasil antes da chegada da Corte portuguesa, algumas dezenas de famílias que concentravam grande parte da riqueza colonial.
Ora isso é totalmente oposto ao que quase todo o mundo sabia...
A História como exercício do saber tem destas surpresas. De repente e não mais que de repente surgem novos factos relevantes e lá se vão as belas construções teóricas. A história não é uma religião. A história não tem moral. A história não é escrava da actualidade. A história não é memória. A história não é um objecto jurídico.
A violação destes princípios limitam a liberdade do historiador e impõem restrições graves no seu trabalho de investigação.
Acabo como comecei... com a garota de Ipanema... que todos nós encontrámos pelo menos uma vez na vida!