segunda-feira, abril 10, 2006

Questões de Identidade

Já mudei de casa muitas vezes e como podem imaginar amontoei montanhas de chaves que não servem para nada. O mesmo se passou com os livros e com os discos. Não sei mais onde estão e quem ficou com eles. De vez enquando lá os descubro um ou outro entalado entre outros dois que não têm nada a ver um com o outro. Depois tem aquela cena de beber uns copos e emprestar tudo aos amigos. Uns que sabemos que voltam...outros que inevitávelmente desaparecem para quase todo o sempre. É assim a vida. E com os anos o assunto tem-se agravado significativamente!
Mas como sou relativamente arrumado com as minhas coisas, sei por exemplo que dificilmente "O preto de coração branco" não pode estar ao lado dos livros sobre Direito (que não são meus...) nem junto dos de História medieval. Mas nada garante que esteja nos romances na poesia ou no Brasil.
Isto para variar, ou como diria a Y.C. para falar sempre da mesma coisa. Trata-se sem dúvida, de um problema trágico. No Édipo Rei, Sófocles torna bem claro que Édipo cometeu esse crime odioso com toda a inocência. Não sabia que o ancião que o desafiou, e que ele acabou por matar , era o seu pai. Não sabia que a mulher, com quem acabou por casar era a sua mãe.
O problema será pior entendido se for apresentado como um caso de culpa colectiva. Não se trata de acusar um povo em particular, neste caso os Alemães do genocídio organizado perpetuado pelos nazis. Mas não podemos esquecer que essa mesma sociedade nasceu da anterior. Existe ou não existe uma continuidade na tradição dos comportamentos ?.
Mas não me venham agora com essa do "reptiliano" para tentar explicar o Holocausto ou o terrorismo da R.A.F. dos Baader/Meinhof. A sociedade alemã tem sabido produzir do melhor e do pior que a humanidade contemporânea assistiu. Mas existe uma pergunta por responder...para além do bem e do mal...quem são estes alemães do século XXI? Da mesma forma que o Roberto DaMatta perguntava: O que faz o Brasil ser brasil?
São estes os temas que tenho procurado entender fora das leituras tradicionais.
Quando for velho...hoje a crónica do Lobo Antunes da visão de quinta-feira estava particularmente inspirada, quero, como o Vinícius que escrevia numa carta ao Carlos Heitor Cony: "Se encontrar algum erro , corrija, porque eu sou um péssimo revisor. E vamos nos ver qualquer hora para peidarmos juntos, como dizem os gaúchos. Com Uísque, é claro!"

Aquele abraço da terrra que continua a girar porque vou mas é tratar do meu jantar.

1 Comments:

Blogger poca said...

deste texto, para mim destaca-se a parte em que falas de livros que emprestas e não voltam...
eu por acaso adoro livros, e adoro tê-los para poder sublinhá-los enquanto estou a ler, para poder reler as partes que mais me tocam..
e empresto, mas sei sempre a quem empresto, mas nunca tenho coragem de os pedir de volta...

abril 11, 2006 1:18 da manhã  

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