segunda-feira, maio 15, 2006

The piano has been drinking...the piano has been drinking...not me, not me!

Talvez tenha tido sempre 45 anos; talvez a única canção que tenha sempre tocado tenha sido "Unhappy song", a canção em que se queixa "Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro e ela continua sem voltar". Com um grupo de fans e gente inteligente fui ouvir um Lloyd Cole totalmente Acústico ao Cine-Teatro de Alcobaça.
É interessante como a oferta cultural tem aumentado substancialmente nas pequenas cidades do Litoral. Uma nova classe de quarentões e quarentonas, perfumados e bem vestidos aproximam-me perigosamente do poder local. Não havia gente suja nem despenteada por ali...
Ele próprio sabe quem é o seu público e goza com isso: Lloyd Cole quando interrompe o espectáculo, sabe que é para que os pais possam falar com as “babysitters” para saber se está tudo bem em casa... Em Alcobaça, foi mais um telemóvel que parecia uma sirene, o que o levou a comentar se estariam todos bem ali na sala, provavelmente por causa do calor que se fazia sentir.
Houve palmas e gritos, depois de todas as canções o que demonstra que a malta do Oeste, na sua grande maioria já domina bem palavras em língua estrangeira.
Conhecia mal o “Lloyd Cole and the Commotions”, essa geração póspunk...de poetas neo- beats... da mesma maneira, como conheço mal a cidade de Alcobaça. As minhas raízes são verdadeiramente urbanas e venho de uma geração mais velha, estupidamente optimista, nas capacidades das pessoas em continuarem em permanente transformação... Confesso que por vezes desespero, mas é sol de pouca dura...still crazy...
Sou portanto um gajo menos sensível a este tipo de canções de” Amor e de ódio” à Leonard Cohen ou a uma série como o s Sopranos, e por isso muito menos bêbado que o Tom Waits ou passado como o bonitão dos"Six feet under"!. Só sei que há duas Joanas e uma é a Brenda porque nós lhe chamámos assim.. Gosto mais de uma onda "Black Ridder", mais "soft", mais Britcom. Já não faço revoluções e confesso, que gostei bastante da letra daquela canção que falava sobre um jovem idealista. “I don´t recall your name...sorry baby!”.
Dito já tudo isto... achei o rapaz muito bom, domina bem o instrumento, tão bem como o copo de whisky. (Aqui até podia ser filho do Vinícius...com a diferença de mesmo bebido... só escrevia canções de amor).
O Lloyd tem ainda uma voz que se adapta muito bem a um inglês folk- pop que faz lembrar um pouco o Bob Dylan quando andava muito pedrado.
“Dizes que estás tão feliz agora que mal te susténs, mas estás preparada para que te partam o coração? Pois o melhor é preparares-te, querida, o melhor é preparares-te já. Porque, estás preparada para que te façam sangrar?". Evidentemente que ela não estava...
As letras falam de solidão, de abandono e mal entendidos especialmente com mulheres. São sempre,sempre inocentes as mulheres (Está também na moda do politicamente correcto!), como "Jennifer", como "Grace"( a minha irmã disse que também havia uma Jane e uma Rosalinda que ele nunca se tinha esquecido...), são "Undress", tema aliás sempre aliciante mas nem sempre fácil de entender “in foreign language”. Um gajo é que sofre bué, porque se sente culpado de deixar de amar! Em vez de whisky não era melhor comer chocolates, sr. Engenheiro?
Hoje, grisalho “good-looking”, com 45 anos, casado, as grandes dúvidas existenciais são "My little butterfly" - onde está o pino vertiginoso do amor depois de passar a paixão. Onde estão as borboletas quando o estômago chega à idade adulta, porque carga de whisky, o Lloyd continua a cantar estes temas “deep down”, depois de confessar que é feliz, que já deixou a cocaína, dormindo muito melhor assim sem mais insónias... mas cada um sabe de si, não é assim agora?
Eu cá por mim para ser sincero gosto mais de ouvir o Sérgio Godinho, a dupla Té/ Veloso e até mesmo o Abrunhosa!
Já não há canções de amor como havia antigamente....
The piano has been drinking...the piano has been drinking...not me, not me!

1 Comments:

Blogger Elsa Gonçalves said...

Companheiro,
de outonos, primaveras e todas as estações inventadas ou reais...até as de caminho de ferro.
na construção inventada atrapalhaste o tráfico, mas o chico matou o homem a atrapalhar o tráfego.
Se não existisses, tinha mesmo que te inventar!!! como existes, só não te estrafego porque depois não te poderia traficar e isso era muito mau.
maria

maio 16, 2006 4:44 da tarde  

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