quinta-feira, junho 01, 2006

Portugal : Um Mito francês para uma utopia inglesa?












Os preconceitos impedem-nos de poder olhar o mundo de outra forma...
Perdidos os anéis, fica-nos a mão... O Brasil tinha declarado a sua independência em 1822, com responsabilidades agravadas dos nossos primeiros liberais vintistas.... sobre o assunto já foi escrito e dito quase tudo.
Ficava o sonho imperial africano...do terceiro império. Portugal foi sempre verdadeiramente um país de Messias.
Os nossos historiadores liberais eram sobretudo monárquicos, católicos e anti-democráticos. Escritores e poetas... Herculano inventou a vontade medieval afonsina. Rebelo da Silva, membro fundador da Comissão para as Comemorações do 1º de Dezembro, o mito da ocupação filipina...
Acreditavam verdadeiramente que a liberdade (para alguns) e a razão fariam deste povo um exemplo de vontade e tenacidade. Mas quem quem lhes encomendou o discurso?
Releio as cartas de D. Pedro V. para o Tio Alberto (recentemente reeditadas pela M. F. Mónica) e não consigo entender a subserviência de uma boa parte da nossa "intelectualidade" da época a um rei falhado. Sorte de uma princesa espanhola que foi trocada por uma Estefánia que morreu virgem. O azar... foi todo nosso.
O resultado para mim e muitos amigos é francamente pessimista: "o nosso liberalismo revolucionário mas moderado... elitista e ao mesmo tempo paternalista, apesar de todos os independentismos... foi feito por homens desarmados, [desamados] e sós... Os portugueses assimilam o modelo francês revolucionário (ou o conservador) e querem viver à inglesa! ( o modelo de Eça ou mesmo o de Salazar não deixa de ser impressionante...uma cultura francesa mal digerida e uma cultura inglesa admirada!)"Gentil da Silva, "Le modèle étranger dominant et le freinage d'une pensée national portuguaise au XIX siécle", Lisboa, FCG, 1982.