segunda-feira, outubro 09, 2006

Em Lisboa com Wittgenstein

"A palavra Deus é das palavras aprendidas mais cedo. - imagens, catecismo, etc...
Mas não com as mesmas consequências dos retratos das tias... Não me mostraram aqui o que a imagem representava.
A palavra é usada como uma palavra que representa uma pessoa. Deus vê, recompensa, etc..."
(Aulas e Conversas, p. 106).
Mas o que é essa palavra significa? Sim e não, tens razão... diria o meu amigo A. Não! diz o meu camarada Atalüso, que acha que Deus não se dislumbra no céu mas nos copos de raki. Sim, diz-me a minha vizinha do lado, que transporta a Bíblia para toda a parte! Em que ficamos?
Se se levanta a questão da existência de um deus ou de Deus, esta desempenha um papel inteiramente diferente na existência de cada um...Antigamente não acreditar na existência era olhado como uma coisa má. Felizmente o agnosticismo e o hoje o laicismo ofereceram a última oportunidade aos pobres ateus. Hoje mesmo se eu não acreditar na existência de qualquer coisa ninguém pensará que há qualquer coisa de errado nisso.
Existe também este uso extraordinário da palavra "acredito". Fala-se em acreditar e ao mesmo tempo não se usa o termo como se usam normalmente os outros. Pode-se dizer( no uso normal) : Se só acredita em, nisto, então.. Aqui a palavra é usada de um modo inteiramente diferente; por outro lado, não é usada como usamos geralmente a palavra "sei".
Se eu me lembrar de Deus, mesmo que muito vagamente daquilo que me ensinaram sobre Deus posso dizer apenas que as evidências são insastisfatórias ou insuficientes...nada mais.
Qual é então o critério para querer dizer uma coisa diferente? Não é apenas o tipo de provas que se tem em conta, como também as reacções que se têm, o facto de se estar aterrorizado, etc...
Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar... Poderei sempre responder como o Wittgenstein... desencorajaria este tipo de raciocínios que não levam a nada.
Um dia vamos todos deixar de existir... e se não acredito em reincarnações muito menos em espíritos desincarnados... tenho muita pena... mas não relaciono [por agora] nada com essas palavras...( Nem sequer me imagino como gato do Profeta...). Como cedo ou tarde este blog deixará de existir porque não existe nenhuma utilidade para estas frases...