quinta-feira, novembro 08, 2007

Bateson em Lisboa

Nas imagens do século XX sempre hesitei sobre as verdadeiras imagens do Terror.
A pedido de várias famílias quero esclarecer alguns dos meus amigos que Auschwitz e Hiroxima são provavelmente as minhas preferidas...

Escolho Auschewitz porque ela demonstrou a ausência de Deus. Mas escolho Hiroxima também porque demonstrou o absurdo da banalidade, mesmo antes de Nuremberga e as relatadas pela Hanna Arendt no julgamento de Eichmann em Jerusalém...

E quero ainda dizer que apesar das minhas convicções pessoais e transmissíveis (Não fiz carreira nas ciências exactas...e como tal admito a dúvida e a incerteza) , tenho muito orgulho nos meus amigos mesmos quando dizem ou escrevem disparates...

No metaverso ou na metalinguagem, já não tendo idade para me questionar sobre a desarrumação das coisas...muito menos das palavras, passei-me mais uma vez com um artigo publicado aqui na net sobre a Revolução de Outubro. O que já começa a ser preocupante! Ontem tinha sido por causa do Papa e dos 500 mártires espanhóis franquistas, como se não tivessem havido mortos no lado republicano...triste figura quando se confunde a religião e a política colocando no mesmo plano moral a vingança e a justiça.

A revolução de Outubro que o "camarada" Jerónimo voltou a comemorar em Novembro sem nenhum sentido crítico, não pode explicar um texto absurdo de um outro companheiro...que falando no século XXI vem descarregar a sua bílis num texto provocatório e anacrónico sem sentido absolutamente nenhum... Falar em bolcheviques facínoras, acusá-los de colaboração activa com os imperialistas alemães e com o Kaiser, e ao mesmo tempo lamentar o desastre do levantamento de Berlin e do assassinato da Rosa Luxemburgo... é uma insinuação não documentada e francamente de muito mau gosto. Eu sei que está na moda ser criativo, mas caramba... Aconselho pois o meu amigo a reler a história do que ele apelida da verdadeira revolução alemã de 1918.
Muitas vezes tenho sido acusado de neo-judaísmo e de simpatias germanófilas....É apenas uma parte da verdade! Tenho sim um enorme respeito pela Cultura de língua alemã, dos seus músicos, filosófos, intelectectuais e artistas que ultrapasssaram a fronteira fechada de um herança judaica e se tornaram verdadeiros cidadãos do Mundo. Eles são muitas vezes citados neste blog independentemente das suas verdadeiras crenças.
O Judaísmo como religião não me interessa nem nunca me interessou.
O que chamo de fidelidade aos princípios e à tolerãncia que sempre respeitei, é o que me resta da fé depois de a ter perdido. Como alguém que não me lembro um dia já escreveu, não é Deus que está na cruz. É um homem que não creio que seja Deus nem que seja o filho de Deus nem que tenha ressuscitado, mas que acredito que possa ter morrido numa cruz.

Se observei na nova Berlin o nome de Varian Fry não foi por acaso... posso também dizer que me revolta a intromissão da comunidade judaica quando a Câmara de Lisboa apresentou (e quanto a mim muito bem) uma proposta laica e republicana de plantar uma enorme oliveira no largo de S. Domingos para comemorar o dia mundial da tolerância e o massacre de milhares de judeus em Lisboa em 1506. Proposta essa apoiada pelo PS, pelo Movimento de Cidadãos por Lisboa e pelo BE e com decisão adiada para ouvir a opinião das várias sensibilidades religiosas. Inaceitável e ridículo!!!! A César o que é de César!

Em Metalinguagens, George Bateson num diálogo lindíssimo com a filha questionava :

"Porque é que as coisas se desarrumam... pai?"

Enfim, vivemos num país livre...