segunda-feira, outubro 23, 2006

Terras de França


Vou continuar a viajar de comboio até os dias ficarem mais bonitos.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Em Lisboa com Wittgenstein

"A palavra Deus é das palavras aprendidas mais cedo. - imagens, catecismo, etc...
Mas não com as mesmas consequências dos retratos das tias... Não me mostraram aqui o que a imagem representava.
A palavra é usada como uma palavra que representa uma pessoa. Deus vê, recompensa, etc..."
(Aulas e Conversas, p. 106).
Mas o que é essa palavra significa? Sim e não, tens razão... diria o meu amigo A. Não! diz o meu camarada Atalüso, que acha que Deus não se dislumbra no céu mas nos copos de raki. Sim, diz-me a minha vizinha do lado, que transporta a Bíblia para toda a parte! Em que ficamos?
Se se levanta a questão da existência de um deus ou de Deus, esta desempenha um papel inteiramente diferente na existência de cada um...Antigamente não acreditar na existência era olhado como uma coisa má. Felizmente o agnosticismo e o hoje o laicismo ofereceram a última oportunidade aos pobres ateus. Hoje mesmo se eu não acreditar na existência de qualquer coisa ninguém pensará que há qualquer coisa de errado nisso.
Existe também este uso extraordinário da palavra "acredito". Fala-se em acreditar e ao mesmo tempo não se usa o termo como se usam normalmente os outros. Pode-se dizer( no uso normal) : Se só acredita em, nisto, então.. Aqui a palavra é usada de um modo inteiramente diferente; por outro lado, não é usada como usamos geralmente a palavra "sei".
Se eu me lembrar de Deus, mesmo que muito vagamente daquilo que me ensinaram sobre Deus posso dizer apenas que as evidências são insastisfatórias ou insuficientes...nada mais.
Qual é então o critério para querer dizer uma coisa diferente? Não é apenas o tipo de provas que se tem em conta, como também as reacções que se têm, o facto de se estar aterrorizado, etc...
Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar... Poderei sempre responder como o Wittgenstein... desencorajaria este tipo de raciocínios que não levam a nada.
Um dia vamos todos deixar de existir... e se não acredito em reincarnações muito menos em espíritos desincarnados... tenho muita pena... mas não relaciono [por agora] nada com essas palavras...( Nem sequer me imagino como gato do Profeta...). Como cedo ou tarde este blog deixará de existir porque não existe nenhuma utilidade para estas frases...

sexta-feira, outubro 06, 2006

Aziyadé

Não encontrei os olhos verdes de que me falaste... mas encontrei uma parte da minha vida... nas longas caminhadas sem sentido que fizemos por Istambul.
Partida de manhã da Piyerloti Caddesi, regresso pelo pôr do sol, na chamada da oração: fazer uma visita pelas mesquitas, descalçar os sapatos, olhar os mausoléus, sentar-me ao sol depois à entrada, parar em todos os cafedjis, beber um turco sem açúcar ou um vinho branco, e depois de um jantar, uma Raki, fumar um merecido "narguillé" ao som de uma banda improvisada no momento... éramos todos de novo livres e desconhecidos...
Istambul é uma miragem, cheia de movimento e de luz que nos leva a locais estranhos... Dos banhos turcos onde vi um alemão a ser devidamente chicoteado ao Pera Palace onde se encontram velhos antiquários e traficantes que ainda disputam o quarto da Greta Garbo ou da Agatha Christe...( a Suite do pai fundador Mustafa Kemal, o Ataturk, é hoje um museu!)
A Sublime Porta tem um charme incomparável porque é unica... belas eslavas a caminho de uma nova servidão, velhos e crianças que trabalham antes e depois das chamadas dos "Muezzins". Nas avenidas novas, a marca da globalização é evidente (aqui podemos ver um pouco de tudo o que já conhecemos...MacDonalds, pares de mãos dadas de todos os sexos, irmãos búlgaros...beijos e piercings, rastas e muito poucos "tchadores"). Istambul tem tudo, para todas as cores e palares!
Antes da meia noite organiza-se a limpeza da cidade na praça Taksim, em frente ao momumento dos jovens turcos... a confusão é enorme mas tudo acontece como se nada de anormal se passasse... os jornais falam do escândalo recente de um jovem que sem armas desviou um avião para Roma.
Regressados a Lisboa a 5 de Outubro ouvimos o discurso do Presidente sobre a República e a corrupção...
Ai que saudades que eu já tenho ... da bela Nilüfer e da bela Nadira que deixei para trás no avião!