sexta-feira, março 31, 2006
quinta-feira, março 30, 2006
Chiquinho

O Mindelo é uma capital atlântica ao nível dos melhores espaços a norte do Equador. Visitei o mercado, provavelmente da Ribeira com uma torre parecida com a de Belém adjacente...Entrei num bar duns alemães, recentemente instalados...com bookcrossing e tudo... E se existe um local simpático na cidade a não perder são os Correios!.
O resto é a vida de uma cidade que nunca dorme . Aproveitando a água quente da central térmica, a Lajinha, faz-se uma praiinha entre o final da manhã e o antes de almoço. Gente fina de gravata e sapato na praia cheio de negros bem constituídos e mulheres super atraentes! É assim o Mindelo.
O mercado não tem uma cor. Reconstruido é um dos locais mais bonitos para um visitante ocasional. Não tive tempo para me encontrar com o Germano de Almeida que gostaria de conhecer. Não sei se continua a exercer como advogado. Mas não tinha causa. Estava em estado de morabeza. Fui visitar uma das duas companhia de seguros locais. Soube notícias do meu Benfica que aqui continua a ser considerado ( e bem!) um grande clube a nível mundial!
Não encontrei a Cesária, que provavelmente estava a gravar em Paris, nem tive tempo para passar uma noite no Bar Mindelo nem nas suas orlas. Porque o Mindelo não pára! Fiquei com um prato de bonito em caldeirada, regado com vinho branco de Portugal e acabámos com um queijo de Stº Antão com doce de papaia e um dos muitos bons groges da ilha. A visita foi demasiado rápida. O Mindelo merece pelo menos uns bom fim de semana para que o viajante fique a conhecer a cerveja mais cara do mundo, A Cleps feita com água destilada e fabricada na ilha. E ter tempo para se aperceber de todas as cores que se passeiam na rua...o Mindelo possui todos os modelos de automóveis em condições, como a ilha de Fidel... Mais modernos, mais potentes e mais europeus, claro!
Já tinha vários amigos no Mindelo...antes de lá chegar. O Liceu do Dr. Baltasar Lopes e a "Claridade" sem esquecer obviamente o "Chiquinho". Ficaram de fora de propósito, o Eloy e a sua sabedoria, que desde a cachupa, à literatura cabo-verdiana e à denúncia dos desastres ecológicos que sofre esta extensão atlântica do Sahel nunca deixou de ser irreverente contra ventos e marés e o Prof Alberto Carvalho que me ensinou a ter cuidado com a linguagem e a não teimar em ser tão europeista num mundo tão diverso e complexo como é Cabo Verde e toda a Àfrica... A eles lhes dedico este post!
O Fio de prata

Havia para além das pessoas e das coisas, relações fortes que ajudavam a ultrapassar um desgosto de amor, uma frustação qualquer...havia sempre para além do vazio que separava os corpos um fio invisível para quem sabia que só existia um momento no baile.
Muitos anos mais tarde voltou a acontecer...
Dá-me a tua mão disse-me ela... E eu dei.
É pois perfeitamente legítimo depois disso continuar a chamar-te meu Amor!
quarta-feira, março 29, 2006
Um peito sem soutien...

Enfim...estavamos ainda em 74. Nesse mesmo ano, mês de Março fomos a Londres , depois de uns contactos em Portobello Road, trouxemos umas caixas de Kleenex cheias de livros... Entrou assim em Lisboa, a "Histoire de la Revolution d' Octobre" ( os livros tinham sido cortados em dois por causa do peso) . Livro que aliás mantenho mas que até hoje nunca li.
Vinham lá dentro outros, do Amilcar Cabral, do Eduardo Mondlane e mais alguns misturados com propaganda anti-colonial que nunca mais os vi...Chegaram ao seu destino ou simplesmente estarão hoje em casa de um pianista... quem sabe?
Um dia de madrugada veio o 25 de Abril e mudou tudo. Com 18 anos, então o que fazer? um passo à frente, dois para o lado, bora com a Revolução, com a necessidade urgente de criar uma organização da vanguarda. Tarefa afinal bem dificil para burgueses como eu sem consciência de classe... Tinha nascido em Lisboa.... e não era nem operário nem camponês! Enfim...tempos malucos que não deixaram passar ninguém sem mácula. Ainda tentei convencer uma ruiva minha colega na faculdade a ler o "Escuta Zé Ninguém"...sem grande êxito. Apenas um convite para assistir um coral numa igreja em Paço de Arcos...
Foi por aí que ouvi dois discos extraordinários (para a altura claro). "Meu caro Amigo" do Chico e "Leãozinho"Tropicália políticamente incorrectoa, era Caetano! Os brasileiros sempre me tinham deixado meio boboca...cantavam e escreviam coisas que mais ninguém tinha coragem de verbalizar. Não era só a música, era a maneira como liam Fernando Pessoa e já escreviam poemas...
Olha que coisa mais linda....

Portugal, Barrancos, por exemplo, também tem destas coisas...quantas vezes a discussão de um ponto crucial, de divergências ou convergências, do caminho a seguir se torna tão excitante e envolvente que só ao ver o sol raiar, se ouve a Isabel acabada de acordar, dizer que o sol nasce deste lado e que a noite em claro falando e planeando as viagens futuras, acabava com um café e ponto final!
O individualismo predomina nas hostes das academias e na vida real. Ousar por isso discutir duas visões carregadas de ideologia que marcavam a História do Brasil não é fácil. Duas posições de esquerda ainda por cima....é obra!
Em 1993, o "renegado" Paulo Francis, nessa altura um dos jornalistas mais bem pagos do Brasil antecipava uma dúvida, uma simplificação quanto a ele exagerada da teoria de um sistema colonial totalmente dependente da metrópole. A tese deles é radical! Demonstra pura e simplesmente que existia no Brasil antes da chegada da Corte portuguesa, algumas dezenas de famílias que concentravam grande parte da riqueza colonial.
Ora isso é totalmente oposto ao que quase todo o mundo sabia...
A História como exercício do saber tem destas surpresas. De repente e não mais que de repente surgem novos factos relevantes e lá se vão as belas construções teóricas. A história não é uma religião. A história não tem moral. A história não é escrava da actualidade. A história não é memória. A história não é um objecto jurídico.
A violação destes princípios limitam a liberdade do historiador e impõem restrições graves no seu trabalho de investigação.
Acabo como comecei... com a garota de Ipanema... que todos nós encontrámos pelo menos uma vez na vida!
Tiro ao álvaro

Acabo de ler com o meu maior espanto que apesar de tudo, de toda a corrupção e escândalos sucessivos... o povo afinal está satisfeito com o desempenho do governo de Lula. O Brasil ama Lula como amou Senna, como ama a sua selecção de futebol. O Brasil adora a sua música! João Gilberto é o maior. Chico Buarque é superbacana. O Brasil sofre de amor por tudo o que é brasileiro, onde o povo socializa as pessoas e onde não vale nem o nome da família nem a cor da pele!
Chorou Vargas em 1954 ao ouvir, com os olhos cheios de lágrimas colados no rádio, o testamento do presidente ( e ex-ditador) que se tinha suicidado. Assim como chorou a morte de Ayrton Senna. O seu enterro diz o jornal, foi um Carnaval profundo! A comoção popular desmente as elites instaladas. "Ora basta conversar dez minutos com as nossas empregadas, de quem nem sabemos os nome todo, para entender por quê." (entrevista com Robertto DaMatta, Veja, Maio,1994) . No Brasil um dos países mais injustos do mundo, os mortos ilustres não morrem. A morte mata a pessoa mas a relação- a tal relação que é mais importante do que as pessoas e as coisas, essa relação continua! O povo é de facto o que de melhor existe no Brasil. Ainda não desistiu de dizer à sua elite política...se tu Lula fores como o Senna nós também vamos chorar por ti!
Aqui, na terrinha, para além da família, alguém vai chorar um primeiro ministro chamado Sócrates?
terça-feira, março 28, 2006
A Ana na Quinta do Farol

É difícil... a relação entre mim e ela.
Faço um castelo na areia do futuro. Devagar... como me ensinou o meu pai... o poema é construido devagar.... palavra a palavra, e mesmo verso a verso. ( Leio o Nuno Júdice e transporto os afectos da Teresa Rita Lopes)
Mas ali vive a minha familia... é um local de encontro onde se deve respeitar a oportunidade!Às vezes dá-me para dizer: Olá casa, olá Ana! Alguém têm o privilégio de ser tema de redacção de uma sobrinha? Sim! Porque a Ana tem um sorriso que é só dela e que desde há muitos anos partilhamos os dois! E este ano no Natal ofereceu-me um texto...sobre o tio!
Um dia, o Tio Zézé como todos os gigantes que ela imaginou ( O Pai, Avô, Tios...etc.), decidiu mudar de vida, de casa sem ela entender muito bem as razões. A Ana ficou naturalmente triste... Estava habituada aos gritos e risos dos vizinhos, à viola do pai, da “Tess” e dos gatos que sempre a acompanharam.
O tio Zézé era o mais velho dos tios e se fosse na Lunda tinha a vantagem de ser o irmão da mãe, coisa que ela só entendeu quando ouvia a mãe-irmã dizer alguma asneira ou simplesmente demonstrar alguma cumplicidade que ela não entendia... Havia assuntos tabus ( que todas as famílias têm!) e assuntos obviamente estúpidos como essa estória do Mano Caetano e dum morto, alguém que ele e as irmãs ajudavam a despachar aos pedaços para todo o mundo.... Eram estórias loucas que o tio Zézé contava...Viajava de tronco nu num barco de piratas e desembarcavam numa ilha com canibais ( anos mais tarde depois descobri, que a história nem sequer era original). Outras vezes iam de comboio até Paris onde se encontravam debaixo da Torre Eiffel para saber afinal se as malas com o tesouro tinham chegado ao seu destino e não havia mais problemas com o Zé. Acho que o bandido também se chamava Zé ou Manel mas não tenho a certeza... Aliás todos os homens com mais de 1.5m que eu conhecia se chamavam zés... Zé devia portanto ser outro homem... Nem todas as estórias tinham piada, muitas nem por isso. O tio Zézé tinha outro defeito... é que mesmo dizendo coisas com piada...nem sempre sabia parar, o que irritava profundamente os adultos e a mim também.
sexta-feira, março 24, 2006
Cadernos de Poesia

E a reler um autor que faz preceder uma advertência: "Estes poemas foram concebidos especificamente para serem acompanhados por jazz e, como tal , devem ser considerados mais como "mensagens orais" pronunciadas espontâneamente do que como poemas escritos com vista à página impressa. Da sua contínua recitação com acompanhamento de jazz resulta que eles ainda se encontram num estado de mutação." do Lawrence Ferlinghetti. "Como eu costumava dizer",
Este post vêm a propósito da vida e da arte dos encontros e mostra Hamburgo num dia de sol.
quinta-feira, março 23, 2006
À SUIVRE

Isto não constituia evidentemente nenhuma traição ao "Mundo de Aventuras" e ao "Falcão". Sempre adorei o Mandrake e o Fantasma, assim como devorava as aventuras do grande major luso-britânico Jaime Eduardo de Cook e Alvega ou da Manselle X, personagens de um ALLO ALLO, quando ainda não havia Britcom! Foi aliás nesta banda desenhada americana que aprendi as minhas primeiras palavras de alemão, essa língua estranhissima que um dia me serviu para entender que há sempre algum facto relevante para provar que o nosso próprio grupo é "bom" e que o outro é "mau". E as condições em que um grupo consegue lançar um estigma sobre outro eram aproveitadas pelos dois lados. "Ich bin ein Berliner". Em plena Guerra Fria foi construído um Muro em Berlim que separou a cidade e os seus habitantes e não havia sequer a possibilidade de voltar a sonhar com a reunificação alemã. De repente passou a haver duas alemanhas. Uma boa, a República Federal Alemã e outra má, a República Democrática Alemã. Os nazis tinham sido derrotados e Hitler tinha-se suicidado no bunker. Duas alemanhas que serviam de tema para uma das mais interessantes séries de John Le Carré que só li muitos anos mais tarde em Hamburgo, sem sonhar sequer que "O espião perfeito" seria um dos livros que mais me perturbou. Um dia volto a ele se tudo correr bem!
Mas voltando ao E. P. Jacobs, o belga aliás políticamente incorrecto que inventou "O Enigma da Atlântida", deve ter saído na altura em que lia tudo o que de Jules Verne havia sido editado em português! E logo nas primeiras páginas, as imagens dos Açores, a Lagoa das Sete Cidades, as Furnas, um português com roupa de pescador e barrete de campino, penso que descalço, um burro, que descrevia às mil maravilhas a imagem de Portugal na Europa, apesar dos esforços do regime. Era o tempo dos bidonvilles, dos empregos na poubelle e do chiffon!
(à Suivre...)
quarta-feira, março 22, 2006
Torneira, Pedro Dias 2000

Deixaste de nos falar porque estávamos vivos e tu ias morrer?
Ontem recebi dois telefonemas importantes: Um do grão vizir das Caldas, sempre bem disposto e outro da princesa do Nabão...mais gata...e uma msg escrita de uma amiga nova e especial ... no telemóvel !
Abrir ostras. Depois cortar um limão e abrir uma garrafa de vinho branco... bem, bem fresco. Depois era só deixar passar o tempo, tempo, tempo, tempo... Talvez tenha sido uma das coisas mais importantes que aprendi com o meu pai. ...Abrir ostras e ficar horas intermináveis sem ouvir o pingo da torneira.
terça-feira, março 21, 2006
A vida tal como ela é!

só somos velhos, quando não conseguimos fazer novos amigos. ..
É bom ser amado assim, e continuar a gostar de ouvir o mesmo concerto de Colónia. Como dizia o Vinícius numa carta à mãe..."quando esse amor fecha um círculo formado por outros amores de natureza diferente, mas da mesma forma absorvente...".
terça-feira, março 14, 2006
Em Terras de Cervantes

La necesidad de acercar el judeoespañol a un público de cuatrocientos millones de hispanohablantes sin provocar extrañeza ni rechazo hace aconsejable la tendencia de escribirlo con un sistema próximo a la norma hispánica. Los apartamientos de la ortografía española que no provocan desconcierto son aquellos que alguna vez han formado parte de la ortografía española histórica, que es pensable que así hubiera llegado a ser la ortografía del sefardí, si las circunstancias históricas no hubieran hecho perder a sus usuarios la familiaridad con la apariencia escrita del español general que tuvieron antes de haber quedado ajenos por siglos a la comunidad hispanófona.Si aceptamos, y no puede ser de otro modo, que el judeoespañol tiene un complejo y rico pasado, no podemos dejar de reconocer que tiene también un importante y atrayente futuro: (re)construir, a través de la recopilación de todos sus testimonios —los que los hablantes aún vivos nos pueden proporcionar de su situación actual y los que los textos guardan entre sus aljamiadas páginas— la biografía de una lengua que se engendró en Sefarad . (ver página 9 )
terça-feira, março 07, 2006
Um dia a menos pra morte!

ao frio ao vento e à fome
às escondidas da sorte...
UM DIA FRACO OUTRO FORTE" ( Sérgio Godinho)
Deus é grande e o Alentejo é outra terrra.
A propósito da conversa com o António Cardoso...A guerrilha do Remexido nao era só apoiada pelos Miguelistas! Em terras de S. Brás não vás sózinho que ainda te distrais...
Um dia destes ainda vos vou falar sobre os Coutos de Alcobaça, os graffittis palestinianos ... ou sobre o Tomé Pinheiro da Veiga!